Les Naïfs - André Bauchant et Louis-Auguste Déchelette: André Bauchant, Louis-Auguste Déchelette

20 Janeiro - 17 Março 2018

A galeria abre no próximo dia 19 de Janeiro o seu novo espaço no Chiado com uma exposição dedicada a André Bauchant (1873-1958) e Louis-Auguste Déchelette (1894-1964).

 

Exposições temáticas de várias naturezas são parte integrante do projeto global da galeria, que apresentará - buscando contrastes e afinidades - não apenas o que chamamos arte contemporânea, mas também obras oriundas de circuitos artísticos paralelos ou considerados menos capitais, questionando de forma inclusiva as transformações das práticas artísticas e dos seus públicos.

 

André Bauchant ou o Peintre Jardinier é um artista autodidata. Inicia-se na pintura tardiamente, aos 46 anos, quando regressa da primeira grande guerra, onde começa por pintar pequenos postais que vende aos seus camaradas soldados. As movimentações da guerra levam-no primeiro a Dardanelos, na Turquia, e mais tarde à Grécia onde as paisagens mediterrâneas que imagina desde tenra idade, através de intensas leituras sobre a Grécia antiga e a mitologia, ganham vida à sua frente e marcam para sempre toda a sua obra. Esta integrará, sem complexo ou separação, a paisagem, a natureza morta, o retrato, o nu e os grandes temas da mitologia e da antiguidade. Este invulgar trabalho é reconhecido internacionalmente e permite a Bauchant ser representado em importantes coleções privadas (Serge Diaghilev, Peggy Guggenheim, Christian Dior, Le Corbusier e Catesby Jones entre outros), mas também  institucionais (MoMa, Nova Iorque; Virginia Museum of Fine Art, Richmond; Musée international d'Art naïf Anatole Jakovsky, Nice; National Museum of Western Art, Tóquio; Stedelijk Museum, Amsterdão; Musée d’Art Moderne de la Ville de Paris e Centre Georges Pompidou, Paris; Tate, Londres).

 

Louis-Auguste Déchelette representa realisticamente e com um desconcertante humor cenas quotidianas, de rua ou de campo. As suas pinturas demonstram um particular gosto pelo detalhe e introduzem jogos de palavras e trocadilhos que nos fazem pensar, ou sorrir, pela vivacidade de espírito e sentido crítico. Embora a sua pintura retrate cenas de divertimentos populares e outras cenas campestres, Déchelette tem uma aguda consciência social e política, como o demonstram algumas das obras agora apresentadas. Déchelette dedica-se exclusivamente à pintura em 1942, na sequência do bom acolhimento pela critica da sua primeira exposição. A aplicação da tinta e a sábia escolha de tons mate na pintura podem relacionar-se com o facto de Déchelette ter exercido durante grande parte da sua vida a profissão de pintor da construção.

 

Ao primeiro encontro com as obras deBauchant e de Déchelette instala-se no espectador uma inevitável sensação de suspensão no tempo. A estranheza dos ambientes e a natureza insólita das suas composições lembrarão quase inevitavelmente obras de Magritte ou de Edward Hopper.