"A minha principal fonte de inspiração é a antiguidade clássica, mas também sou fascinado pela relação primordial entre a humanidade e a arte, que teve origem nas paredes das cavernas."

 

 

Nascido em Lugano, filho de mãe suíça e pai italiano, Roberto Ruspoli cresceu em Roma. Aos dezoito anos, deixou a Itália para estudar na School of Visual Arts, em Nova Iorque. Desde muito jovem, Ruspoli sempre foi fascinado pelo desenho e pela pintura: “Desde que me lembro, sempre desenhei. Quando eu chorava em criança, a minha mãe dava-me papel e lápis para desenhar, era a única coisa que me acalmava”. Em Nova Iorque, começou a expor as suas obras pela primeira vez, conhecendo algumas das figuras mais influentes do mundo artístico nova-iorquino dos anos 90. Cita, em particular, a influência do seu professor, Michael Goldberg, um dos mais reconhecidos expressionistas abstratos dos Estados Unidos, ao lado de Jackson Pollock e Willem de Kooning.
Após cinco anos em Nova Iorque, Ruspoli regressou à Europa, primeiro a Londres e depois a Paris, onde decidiu fixar-se. A sua primeira exposição individual numa galeria em Saint-Germain-des-Prés foi um sucesso: “A minha linguagem artística é muito francesa; culturalmente sinto-me muito próximo de França”, explica.
Entre as suas influências, menciona a coreógrafa Pina Bausch: “Em 1999, participei na peça O Dido em Roma, o que me marcou profundamente. Existe uma verdadeira ligação entre a dança e o desenho. Ao desenhar, cria-se uma linha contínua e ininterrupta numa superfície muito ampla, de forma semelhante à maneira como um dançarino interage com o espaço à sua volta. Para mim, é quase meditativo, é preciso parar de pensar e aprender a deixar-se levar, caso contrário perde-se a magia. Gosto da espontaneidade”. Ruspoli inspira-se também em Cocteau, assim como em Picasso e Rothko, pela sua utilização da cor e da abstração.
A sua estética, com figuras desenhadas de perfil, é sem dúvida influenciada pela sua infância em Roma e pelos estudos clássicos.
O formato mural, amplamente utilizado em Pompeia e Herculano, exige uma certa ousadia para pintar diretamente sobre as paredes. “Gosto de viver rodeado de pinturas. Quando se trabalha diretamente nas paredes”, diz Ruspoli, “não há espaço para erro. Esse tipo de pintura dá-me adrenalina, é uma sensação completamente diferente.”
É no seu ateliê, no coração do 14.º arrondissement de Paris, que Ruspoli prepara os seus projetos, onde recentemente começou a pintar sobre tela e a utilizar pigmentos mais complexos.
Em 2018, o designer de interiores Fabrizio Casiraghi encomendou-lhe o seu primeiro projeto público: Bibliothèque bohème para o evento AD Intérieurs, no qual Ruspoli criou uma gigantesca pintura mural que cobre todo o teto. Desde então, Fabrizio Casiraghi tem colaborado frequentemente com Ruspoli em vários projetos residenciais e, mais recentemente, nas pinturas murais do restaurante parisiense Drouant, recentemente redesenhado: “Gostei muito de trabalhar num espaço tão prestigiado. A minha inspiração veio de À l’ombre des jeunes filles en fleurs, de Marcel Proust. Escolhi trabalhar em tons de azul, com a ideia de combinar linhas e marcas.”
Roberto Ruspoli é um artista singular cuja obra entrelaça dança, história e expressão abstrata, marcada por uma profunda ligação com a cultura francesa e por influências que vão de Pina Bausch a Picasso. O seu trabalho, que oscila entre o desenho e a pintura mural, revela uma busca constante por espontaneidade e meditação no processo criativo, fazendo dele uma figura de destaque na cena artística contemporânea.